sábado, 2 de janeiro de 2010

O AMOR

O amor precisa
Da aspereza das mãos
Do entrelaçar dos dedos
Das vias públicas
Congestionadas,

O amor precisa
De olhos
Que testemunhem
O gosto
Inédito
Do beijo
A mão sem limites
A escorrer pelo vestido
A protuberância
Das coisas
Que não são da pele
Mas como se fossem,

O amor
Não pode ser vestido
Com as vestes da noite
O amor não pode
Comer os sussurros
Migalhas do silencio,

Deve o amor
Estar coberto
Com as labaredas
Do sol
E os ouvidos
Do mundo
Devem ouvi-lo
Ao longe,

Não se tranca-fia
O amor
Pois o amor
Trancafiado
Não resiste
Em ser amor,

Teu corpo
Não pode ser
Uma prisão do amor
Mas mero
Condutor
Que atinja
O âmago
Do outro,

O amor
Não vive
Em corpos
Não é palavra
Nem olhar
Incerto
Nem cores
Que se formam
Na retina,

O amor não é falta
Nem desaviso
Tampouco é
O pensar
No objeto ausente
O amor
Não chora
Nem se lamenta
Não ri
Por não ter boca
Pra sorrir,

O amor
Não está em nós
Quanto muito
Se imiscui
Ao vento
Se esconde
Atrás da lua
Chove
Em forma
De estrelas
O amor
Está no sol
E é por vezes
A linha do horizonte
O amor
É eletromagnético
E também
Física quântica,

O amor
Não é poesia
Nem poetas
Saberão


O amor
É um ser
E não ser
Um Midas
Sem a mão,

O amor
Tem olhos
Mas não vê
O ver
Em si
Olhos que não vêem
Mera expectação,

O amor
Até existe
Desde que
Fora do coração.

Livingston

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