sexta-feira, 8 de abril de 2011

ECOS DE COLUMBINE OU OS TIROS DE REALENGO

Da nação mais poderosa do mundo importamos o conforto, a tecnologia, o fast food e por fim a tragédia. Não tínhamos por aqui assassinos de estudantes como há nos Estados Unidos mas agora entramos no primeiro mundo da tragédia coletiva.

As mortes dos estudantes de Realengo fez o país correr o mundo. Se não podemos dar um prêmio nobel, ou um oscar ao país, podemos hoje entrar na lista dos paises que projetam em seu seio, psicóticos capazes de cometer barbáries com crianças indefesas.

Wellington Menezes de Oliveira é o autor da carnificina que tirou a vida de 12 crianças até o momento. Deixou uma carta-testamento reafirmando seu desejo de ser tocado apenas por pessoas puras que não tenham sido contaminadas pelos desejos sexuais impróprios e que não sejam adúlteros nem fornicadores. No seu delirio psicótico, Wellington se incumbe de uma assepsia moral o que talvez tenha motivado " limpar pessoas ".

No caderno Cotidiano da Folha de São Paulo, 8/4, diz a reportagem que a mãe adotiva de Wellington, já falecida, era da Igreja Testemunhas de Jeová. Muito provavelmente o rapaz deve ter recebido de sua mãe, os ensinamentos religiosos de salvação, pureza, vida eterna etc. Nenhuma crítica a religião pois as mesmas não doutrinam ninguém a serem assassinos, mas faço uma ressalva de que o encontro de uma religião com uma cabeça psicótica pode dar nisso que vimos ontem,7/4, na tragédia de Realengo.

Muitos especialistas estão sendo chamados a explicar o acontecimento. Psiquiatras e Psicólogos tentam traduzir o que leva uma pessoa a montar uma estratégia do aniquilamento de forma fria e calculista. Não há respostas nem consensos. A barbárie paralisa e nos assombra.

Lembro de um comentário do meu professor de Direito Processual Penal na faculdade, em uma conversa informal , em que ele nos falava a respeito do filme " Tiros em Columbine " que havia estreado naquela ocasião. Nos dizia que em breve haveria de replicar fora dos Estados Unidos, inclusive no Brasil, jovens dispostos a matar colegas afim de buscar um status de horror. Que a mídia daria o combustível para povoar a cabeça de jovens psicóticos que buscariam dentro de sí mesmos a lógica da bárbarie. Infelizmente vejo que meu professor estava certo.

Diante do fato que se inaugura em nosso país, esta nova modalidade de violência, é mister repensarmos o que damos aos nossos filhos para se divertirem quando se trata de jogos no computador. Sei da existência de inúmeros jogos extremamente violentos que só alimentam mais a sede de sangue nos adolescentes.

A internet, um instrumento que muito facilita a vida das pessoas, tem aprisionado jovens, abstendo-os dos amigos e familiares para viver vidas paralelas e virtuais de onde nascem cabeças psicóticas que saem dos seus pesadelos para pôr em prática sua maldade.

Chega-me ainda a informação, através da televisão, que o matador Wellington de Oliveira deixou escrito sua intençao de fazer uma chacina na escola onde ele estudou, baseado e inspirado nos fatos ocorridos no colégio Columbine, em Littleton, Colorado, onde dois jovens metralharam a biblioteca da escola deixando um saldo de 12 alunos e 1 professor mortos. Segundo os relatos encontrados nos pertences de Wellington, o mesmo escreveu que faria da escola um novo Columbine.

Os tiros de Columbine deflagraram uma onda de chacinas pelo mundo que reverberou na Alemanha, na Finlândia e China. Espero que a mídia não popularize essa barbárie transformando Wellington num Macunaíma do horror. Que não prolifere essa nova modalidade de terror em nosso país que já não suporta mais tamanha violência, assaltos e homicidios que ocorrem em todos os lugares.

Ou calamos os tiros de Realengo com educação, com pacificação e com um olhar menos material e mais transcedental ou desceremos as trevas medievais onde a vida pouca importância terá, quiçá nenhuma.

Livingston Streck

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