sexta-feira, 9 de abril de 2010

O VÍDEO E A VIDA

Ponto de vista sobre a exposição de vídeos ROTEIRO AMARRADO no Centro Cultural Banco do Brasil RJ


O VÍDEO E A VIDA

Nestes tempos de espetacularização da imagem e julgamentos midiáticos, é possível depararmos com a imagem em estado bruto, fragmentada e por que não poética.

É o que vi no dia 22/03 no CCBB – RJ , na exposição “ Roteiro Amarrado “ do vídeoartista Eder Santos com curadoria de Solange Farkas.

São expostos vários vídeos em caráter disforme, com claro intuito de impactar na desconstrução da imagem.

Somos brindados já na entrada com a observação de imagens fragmentadas onde o expectador, deitado em pufes, observa as projeções em movimento numa abóbada celestial em que se imiscuem a forma humana em vários planos entrecortados por uma sucessão de raios e relâmpagos.

No transcorrer da exposição podemos observar o vídeo misturado à pedra, à natureza onde deduz-se certa intromissão da tecnologia à natureza. O vídeo ironicamente nos mostra a vida abstratamente em forma de peixes, como a nos revelar que o fim de um serve de registro ao outro.

Das várias leituras que podem ser feitas numa exposição, a que me arrebatou estava na sala dos pássaros.

Na parede da sala, a imagem de várias gaiolas projetadas em sombra, se sobrepondo a imagem de pássaros voando livremente dentro das abstratas gaiolas. Pássaros livres voando dentro de gaiolas de sombras. Poético, criativo e pertinente no meu conceito e na minha leitura desta exposição.

Se na vida real anulamos a arte através da banalização dos fatos que formam o senso comum, a arte, por sua vez, pode nos brindar com o impacto da poesia e nos arrancar lágrimas como ocorreu a mim entre gaiolas e pássaros, entre o real e o abstrato.

Roteiro Amarrado – Eder Santos – obras de 2001 a 2010 – CCBB – Centro Cultural Banco do Brasil RJ – até 11/04.

Livingston Streck

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