sábado, 6 de março de 2010

DIVORCIADOS ATÉ QUE A MORTE OS SEPARE

O título acima caberia bem no filme “ Simplesmente complicado, a que assisti hoje 06/03, com elenco composto dos atores Meryl Streep, Steve Martin e Alec Balwin. Tirando a estupenda atuação destes atores o filme nos faz pensar em todos os elementos que compõem a família, seus tabus, filhos, divórcio, amor, a falta de amor, a culpa e a liberação. O filme se propõe a ser uma comédia mesmo que a custa do esfacelamento da família. Rimos, choramos, alternamos nosso estado de humor mediante as cenas que vão nos surpreendendo diante da realidade crua. O pai que precisa ir embora da casa por que ali não é mais o seu lugar e fica espiando a mulher e os seus filhos se preparando para o jantar enquanto fecha a porta. A solidão da mulher com a sua lágrima olhando o debater das folhas das árvores enquanto vê uma lua silenciosa lá no céu com sua solidão.

Um casal de meia idade, já com os filhos crescidos, divorciados há dez anos, se encontram casualmente em determinado lugar após longo tempo separados. Ambos com suas novas vidas, ele casado com uma mulher mais jovem e ela dedicada a seus filhos e a seu circulo de amizade. Derepente, o ex-marido se vê loucamente apaixonado pela ex-esposa. Deseja conquistá-la, descobre que a ama e começa a ver nela as qualidades anteriormente “ocultas”. Começa um jogo de sedução até que a ex-mulher se vê amante do seu ex-marido. A cena é risível mas nos faz pensar: “ o amor mata o amor”? Quando se tem toda uma vida pavimentada para o amor e não se ama, por que se deseja amar, quando as circunstâncias não mais são propicias ou não mais permitem? Mas esse ex-marido se joga por inteiro na reconquista desse ex-amor.

É o mote do filme a que nos delicia com cenas hilariantes tais como a queda de pressão arterial quando o ex-marido vê a ex-mulher nua no quarto de hotel ou uma cena de tamanha delicadeza quando o pretendente a namorado da personagem beija as cicatrizes do braço num gesto de carinho a nos mostrar que cicatrizes são a nossa história e fazem parte do nosso corpo como a um fígado ou a um pâncreas.

O filme talvez seja um grito do amor enquanto o mesmo ainda está na UTI do coração. O amor pode ressuscitar mas tardiamente em nossas vidas. Enquanto estiver vivo é necessário mantê-lo respirando. Vê-lo por detrás das máscaras, da rotina, do silêncio. Não dá para deixar morrer para então vivê-lo.

Não vou contar o final do filme até por que não há final. O final do filme é feito por nós. O filme continua em nossa vida, em nossa história, e vamos dando um contorno de acordo com nossas percepções e nosso interesse. O ato de amor é ação. Enquanto se faz, se ama. Ele viverá de acordo com nossa capacidade de manter vivo em nós.

É para rir e para chorar e mais do que tudo para pensar.

Livingston Streck

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