As coisas construídas
São essencialmente
Ruínas
As pedras
Que sustentam
Células
Que humanizam
Todas as coisas
Os barracos
Em carne viva
Com olhos
Que não saem
Lágrimas
O torpor do estar
Escolhas
Não advindas
Do desejo
A existência
Mero observar
Do tempo
Um amontoar
De almas
Que silenciosamente
Se sobrepõem
No imenso horizonte
Metafísico
O ar
Se num momento
Estático
Parasse e refletisse
Seu intento
Se desvencilha-se
Da vida
Podre vida
E fosse ao deserto
Se purificar
Do nojo
E da náusea Drummondiana
E deixasse
Os corpos
À mercê
Da própria vaidade
Respirar
E comer a própria
Vaidade
E se subsistisse
Apenas a dor
A fome não elaborada
A ruína
Sem planejamento
O desejo
Carcomido
Pelo pisotear
De outras ruínas
Se dois sóis
Nascessem da aurora
Como na invenção de Morel
E pra que sol
Volveria
O olho
Sem escolha?
A verdade
A sempre única
Verdade
Nunca vai estar
Na boca
Nunca vai estar
Nos olhos
A verdade
Coseu vestes
Na vergonha do paraíso
A verdade
Não suporta ver
A outra verdade
As verdades
Querem sempre
A guerra
As verdades
Querem sempre
Extinguir o sangue
A verdade
Nunca vai estar
Na boca
Nem nos olhos
A verdade
Vive no porão
Nas fétidas
Ruínas
Onde corre o sangue
A verdade
Corre oculta
No sistema sanguíneo
E nem sequer
Pode ser vista
Pelo buraco
Do Aleph
A verdade
É partidária
Corporativa
E unilateral
No que somente
Pode ser verdade
O que se vê
A olho nu.
Livingston Streck
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
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