sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A PEDRA ETERNA


Um oceano
Sem porto
Me navega
O peito
No profundo
Turvo
De mim,

Me bóiam
Olhos tristes
Na correnteza
De dias
E dias,

O verde
Das folhas
Que balançam
O ar
Caem secas
No duro chão
Acolhedor,

Rios de lágrimas
Me sulcam
A face
Em busca
De novos
Atalhos,

O sorriso
É um sol
Entre nuvens
Espessas,

Na boca
Guardado
O choro
Para outras
Tristezas,

O amor
É uma brisa
Que trás
Do outro lado
Ventanias,

É lava
Que incandesce
Mas também
É ártico,

O amor
É profundo,
É soturno
Mas se embrenha
Por vezes
Na superfície
Da pele,

Um oceano
Sem porto
Me navega
O peito
No profundo
Turvo
De mim,

A pedra
Jogada
Na água parada
Não fere
Mas estilhaça
As coisas
Ali refletidas,

Talvez um sol
Descido
Do céu
Pairado
Em singeleza
Na pele da água,

A palavra
É uma pedra
Arremessada
Que o peito
Não apara,

A palavra
É uma pedra
Que vara
O tempo,

A palavra
Não se esquece
Por isso eterna
Uma eterna
Pedra
Que nasce
Na boca
E provoca
o silêncio
Da lágrima
Do olhar.

Livingston Streck – 16/08/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário